Momento de reflexão, por Fábio Ferreira

Gostei muito das experiências de leitura e escrita compartilhadas pelos autores e cantores. Ao citá-los nos leva a pensar: que função social a competência leitora e escritora desenvolve na vida de cada um deles?

Marilena Chauí ressalta que a leitura abre portas para novos, mundos, ideias e pensamentos.

Lembro-me da época em que tinha mais ou menos onze anos de idade em que minha professora de língua portuguesa apresentava histórias de Monteiro Lobato dando vida a elas e fazia com que todos participassem das aulas de maneira muito significativa. Isso nos incentivava a leitura.

Em outro momento ela recomendou um livro que me chamou a atenção “As sete cidades do arco-íris”. Foi o primeiro livro que li de capa a capa. Este livro continha informações que nos remetem a ponderar sobre a diversidade. Cada cidade possuía a sua individualidade e seu valor. Atualmente podemos dizer que tanto a diversidade de cores quanto os valores são representados na sociedade de hoje por meio de opiniões pessoais e posturas que assumimos.

Naquela época não tínhamos todo o suporte didático-pedagógico que temos hoje, mas, ainda assim, participávamos de oficinas que me ajudaram a desenvolver o gosto pela leitura.

Tínhamos na escola uma biblioteca bem organizada e sobre a orientação da professora éramos incentivados a retirar livros com data de devolução para que pudéssemos ter contato com outras literaturas. Ficávamos animados e, ao mesmo tempo, preocupados com a leitura em que íamos fazer.

Não tínhamos recursos financeiros e, muitas vezes, precisávamos escolher com prioridade o que comprar se eram os livros, atlas, dicionários de português e inglês entre outros; até que pudéssemos completar a lista de material dada no início do ano.

Houve uma época em que minha mãe, Francisca, tinha recursos para fazer as compras de todo o material pedagógico, porém eu sempre tinha uma admiração muito grande por ela, por isso decidi que faria uma surpresa. Ela comprou todo material com exceção de um livro de língua portuguesa.

Decidi que este ela não compraria e comecei a escrevê-lo em meu caderno. Não tinha a dimensão da quantidade de caderno que usaria só sei dizer que iniciei o processo.

Foi uma experiência que marcou a minha vida no processo de formação e desenvolvimento da competência leitora e escritora.

Naquela época, muitos colegas achavam que eu estava ficando louco por fazer tal coisa, porém, com isso, aprendi a escrever mais efetivamente e ao mesmo tempo ler com mais facilidade.

A professora sempre exigia que estivéssemos com o livro nas aulas dela e um dia me chamou a atenção por ver apenas o meu caderno em cima de minha carteira. Afirmei que estava com o livro, mas ela replicou perguntando:

- Onde? Pois não estou vendo sobre sua carteira. Expliquei a ela o que ocorrera e ficou admirada com o que ouvira naquele momento.

Hoje isso me faz pensar em dois versos da música “Tocando em frente”, cuja composição é de Almir Sater e Renato Teixeira.

“Cada um de nós compõe sua própria história

Cada ser em si”

Esses versos retrata a realidade, pois por meio de escolhas bem simples podemos modificar a nossa trajetória de vida.

O clássico, Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, uma das obras mais célebres do gênero monsense, reforça essa ideia quando num determinado momento Alice se encontra numa bifurcação. E ao encontrar o gato pergunta que caminho deveria seguir. Este retoma o questionamento. Aonde quer ir? Ao que ela responde não sei. O gato retruca que quando não se sabe aonde quer chegar qualquer caminho serve.

Em suma, ao ler e escrever, passamos a compreender o mundo de um modo diferente, pois interpretamos o que está a nossa volta e passamos a entender as entrelinhas, vendo novos horizontes, modificando nossas ideias e opiniões com o passar do tempo contribuindo para a formação continuada de um ser no processo de construção.

Fábio Ferreira

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