Sempre tive paixão pela escrita. Escrever sempre foi o
meu forte, mais do que a própria leitura. Fui alfabetizada por uma freira numa
igreja perto de casa. Lembro que a tia Cida nos ensinava com muito carinho as
primeiras letras e os sons que produziam. Tínhamos contato diariamente com a
leitura, pois participávamos da missa das oito e encenávamos pequenas peças
religiosas. Continuei os estudos numa escola municipal chamada" Maurício
Simão", onde tive contato com várias histórias contadas pela tia Tuca, minha
segunda mestra. Ingressei na 1ª série com cinco anos e foi às escondidas, pois
a diretora indeferiu minha matrícula por conta da idade. Minha primeira
professora, Maria Argentina Rodrigues Pimentel, acompanhou-me durante toda
minha vida: ministrando aulas nos dois primeiros anos do ciclo I, depois
exercendo função de vice quando eu trabalhava na secretaria da escola e, por
fim, aposentando-se como minha diretora em 2010. Lembro, também, que
utilizávamos uma cartilha chamada "Caminho suave", cantávamos e
estudávamos todos os hinos, participávamos de concursos de leitura ( jograis ou
poesias ) e redação. Ufa! Como podem ver, sempre líamos, apresentávamos ou
escrevíamos alguma coisa. Não tinha escapatória!
Uma situação que marcou uma fase de minha vida foi a que
ocorreu quando eu cursava a antiga 4ª série. Minha professora, a dona Mirtz,
incumbia-nos de recontar os fatos históricos referentes às datas cívicas aos
colegas de outras salas. Detalhe: o grupo escolhido tinha que estar
caracterizado conforme a data. Eu, muito pé-frio, peguei justamente a
Independência do Brasil. Nem preciso contar o que aconteceu...
Na 5ª série, a professora Marlene, presenteava-nos com
coleções de livros; na 6ª, o professor Nicola trabalhava com livros da série
Vagalume; na 7ª, o mestre João promovia concursos entre as turmas e, na 8ª, a
professora Massaco adorava seminários de obras literárias.
Infelizmente, não dispúnhamos de tanta tecnologia como as
de hoje, todavia, aprendemos e desfrutamos de um conhecimento de mundo
imensurável.
Enfim, jamais esquecerei do incentivo à leitura oferecido
pelos meus mestres, pois, graças a eles, tornei-me uma ideia ilimitada de
liberdade, mostrando que o perfeito vem da busca infinita pelo melhor. Algumas
obras que marcaram minha vida e ajudaram nas escolhas que fiz: “A história de
Fernão Capelo Gaivota” e “Longe é um lugar que não existe”, de Richard Bach;
“Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto, que é minha grande
paixão; e “Os Lusíadas”, de Camões, o qual tive o privilégio de assistir na antiga
Estação Júlio Prestes.
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